Por que verificar o bioetanol?

O etanol é facilmente produzido por hidrólise de etileno, um importante petroquímico. Anualmente, são produzidas duas milhões de toneladas de etanol derivado de petróleo. Os principais fornecedores de etanol são a África do Sul e a Arábia Saudita, mas também existem grandes usinas nos Estados Unidos, Europa e Japão. O etanol derivado de petróleo (etanol sintético) é amplamente utilizado como solvente industrial, além de ter uma considerável variedade de outras aplicações.

Identificar a origem do etanol serve quatro importantes propósitos:

  1. Proteger os interesses de produtores de biomassa e empresários que investem na produção de bioetanol.
  2. Garantir que o etanol importado declarado como bioetanol parte de uma fundamentação correta e honesta.
  3. Impedir fraudes ou outras representações desonestas do etanol como bioetanol, visando obter créditos fiscais.
  4. Proporcionar um único número de referência (utilizando a ASTM D6866) a ser incluído às exigências contábeis relacionadas aos créditos fiscais, distribuição, utilização e consumo de bioetanol.

Os créditos fiscais atribuídos ao etanol na gasolina (Lei de políticas de energia H.R.6, de 2005) se aplicam ao bioetanol, e não ao etanol derivado de petróleo. A emissão desses créditos fiscais exigirá uma certificação de que o etanol origina de fontes renováveis. A análise científica reconhecida é a ASTM D6866, que faz a distinção inequívoca e quantitativa entre materiais derivados de combustíveis fósseis e materiais derivados de biomassa contemporânea.

O método ASTM D6866 para a verificação de bioetanol

A ASTM D6866 protege os interesses de investidores e produtores de biomassa que investem na produção de bioetanol. O método é utilizado rotineiramente pela USDA na identificação de produtos de base biológica, e é aplicado sem modificações na identificação e quantificação de bioetanol.

Os importantes créditos fiscais pelo bioetanol na gasolina incitam alguns indivíduos inescrupulosos a utilizarem o etanol sintético. Antecipa-se que a ocorrência mais comum é a diluição de bioetanol com etanol sintético. A ASTM D6866 é uma técnica quantitativa capaz de apontar claramente qualquer diluição significante.

A ASTM D6866 protege a indústria de bioetanol porque ela restringe essa fraude. Uma certificação ASTM D6866 é a condição necessária para cada lote de bioetanol apresentado para créditos fiscais.

A ASTM D6866 utiliza a técnica de datação por radiocarbono. A biomassa possui carbono 14, enquanto materiais fósseis não mais apresentam esse isótopo levemente radioativo. Medir as concentrações de carbono 14 em uma amostra de etanol mostrará se o etanol foi fabricado a partir de materiais renováveis ou fósseis. Também antecipa-se que, em alguns casos, haverá uma mistura de bioetanol e etanol sintético.

Em amostras com ambos os tipos de etanol, a ASTM D6866 determinará quantitativamente a porcentagem de bioetanol, para que o crédito fiscal apropriado seja concedido. Da mesma forma, a ASTM D6866 é uma análise aplicável para gasolina a granel contendo concentrações variadas de bioetanol. A análise indicará a quantidade de material renovável no total do líquido. No entanto, é necessário certificar-se de que a gasolina está bem misturada para que uma pequena amostra retirada seja representativa de todo o tanque de armazenamento. Isso é sempre importante no que diz respeito a análises de materiais a granel.

A análise ASTM D6866 não só mede o teor de carbono 14 da amostra de etanol, mas também de carbono 13, o isótopo de carbono mais estável. A medição de carbono 13 é parte integral da datação por radiocarbono. Ela é também, em alguns casos, uma forma de verificar a fonte da biomassa utilizada na produção do etanol. Entretanto, o carbono 13 não é adequado para determinar de forma precisa o teor de materiais renováveis em relação aos fósseis, em misturas.

Por exemplo, apesar de o petróleo e o milho terem concentrações diferentes de carbono 13, o carbono 13 de outros materiais de biomassa apresentam valores bastante variáveis. Alguns materiais adequados para a produção de bioetanol, como a beterraba, a batata doce, a uva e outras frutas, possuem valores de carbono 13 que são geralmente indistinguíveis dos valores do petróleo. A consequência disso é resultados ambíguos em análises de carbono 13, no caso de diluições de bioetanol com dez ou vinte por cento de etanol sintético. Por outro lado, a análise com datação por radiocarbono é capaz de mostrar essa diluição de forma clara.

Para mais detalhes sobre o processo de datação por radiocarbono, consulte ASTM D6866.